quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Geladeiras
Estava me lembrando hoje,que apesar da boa educação que meus pais me deram,alguma coisa sempre escapa.Quando eu era moleque,10,11 anos,eu tinha o terrível mau hábito de chegar na casa das minhas avós,tanto a mãe da minha mãe quanto a do meu pai,correr até a cozinha e abrir a geladeira atrás de alguma coisa gostosa.Não só localizava a coisa gostosa,como,sem a menor cerimônia, me servia de grandes pedaços.Devo ter causado muito constrangimento às minhas avós,afinal,não era sempre que tinham coisas gostosas na geladeira.Às vezes nem muita coisa tinha.Meu pai não se conformava com esse meu hábito e eu tomei vários tapas por conta dele.E um dia ainda teria que pagar por essa terrível mania.Demorou,mas aconteceu.Numa tarde de calor insuportável,nós chegamos na casa da minha avó,mãe do meu pai.Eu entrei correndo,fui até a cozinha,abri a geladeira e nada encontrei.Enquanto eu fechava a porta,ví um copo cheio de um líquido amarelo,que à primeira vista me pareceu guaraná,em cima da pia.Bati a porta da geladeira e corri para a pia já pegando o copo e,sem perguntar de quem era ou se tinha para os outros,tomei um grande gole,cuspindo o que eu não tinha conseguido engolir.Era óleo de fritura que minha tia tinha passado no coador.Estava morno ainda.Meu pai me fez limpar toda a pia e o vaso sanitário,todas as vezes que eu vomitei.Nenhum tapa dele fez tanto efeito quanto aquele copo de óleo.Depois daquilo nunca mais abri geladeiras ou me servi sem que antes me oferecessem.
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